sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Lei antifumo: sob a ótica do preconceito

Reportagem produzida por
Danilo Girundi e Pedro Schetini



Charutos e outros produtos vendidos dentro de tabacaria da capital


Aprovado em primeiro turno no dia 11 de agosto de 2009, o projeto de lei 3.035/09 que proíbe o fumo em locais fechados públicos e privados e de uso coletivo no estado, espera por sanção do governador Aécio Neves.

A lei mineira permite o fumo em tabacarias e em locais que possuam fumódromos. Segundo Alencar da Silveira Jr., deputado estadual responsável pela criação do projeto, a lei mineira não “é mais frouxa, ela é aplicável e não é anticonstitucional como a de São Paulo” relatou durante sua coletiva com a equipe do blog na terça-feira dia 17 de novembro.

Será que esta nova lei não é uma forma moderna de preconceito e de excluir pessoas que desviam do comportamento considerado correto pela maioria da sociedade? Fomos atrás desta e de outras respostas.


Entrada do pub Saar tobacco

De acordo com Marcílio Saar de 46 anos, proprietário da mais antiga tabacaria da zona sul da capital mineira, o pub Saar tobacco, a expectativa é de que realmente o movimento aumente após a aprovação da lei, mas que a sua tabacaria já está preparada e que nenhum investimento estrutural, como a ampliação da loja, será feita. “Aqui eu já tenho a estrutura montada, exaustores para retirar à fumaça, por exemplo, não penso em ampliar a loja o que eu poderia fazer é abrir outro ponto”, conta o empresário.

O proprietário não concorda com a lei, pois para ele, ela é uma forma de discriminação. “É a maioria pagando pelos erros da minoria”, conta Marcílio. A minoria segundo ele são aquelas pessoas que fumam em restaurantes e em locais com crianças, que não se importam com o bem estar alheio. Marcílio diz que não fuma perto de comida e de crianças, por não achar correto.


Marcílio em seu pub na Av. do Contorno, próximo a Rua da Bahia

Carlos Shiffer empresário de 42 anos, conta que quando a lei entrar em vigor vai procurar um lugarzinho em alguma tabacaria da capital. “Até que não vai ser tão ruim, vou fumar tranqüilo sem ninguém para reclamar, mas acredito que esta lei é pejorativa para com os fumantes”, desabafa Carlos.

“Estão segregando os fumantes, separando-os das pessoas que não fumam. Parecido com o Apartheid”, brinca Marcílio. Esse sentimento se deve ao motivo de fumantes não poderem fumar em determinados locais não preparados para recebê-los, diferentes de tabacarias que aceitam sem problema pessoas fumantes e não-fumantes.

Quando perguntado sobre um possível preconceito contra os fumantes, o estudante Alexandre Pinto diz que os fumantes “são os judeus da atualidade, as pessoas estão com repulsa da gente”, fala Alexandre. Já Lorena Martins, gerente de uma boate de Belo Horizonte, não fala em preconceito. Para ela a lei é ótima, “porque vai impedir que pessoas não fumantes como eu tenham que trabalhar respirando o vício de outras pessoas”, opina a gerente.

O dono do Saar pub, ainda comenta que esta lei antifumo começa a se tornar uma brecha para a criação de novas proibições. “Daqui a pouco vão proibir sair de casa com camisa verde, pois algumas pessoas se sentem incomodadas. Acho que o certo seria deixar cada um escolher o que realmente quer fazer, sem tirar a liberdade da pessoa de querer fumar”, afirma Marcílio.

Questionados sobre o funcionamento da lei, ambos entrevistados acreditam que ela realmente “vai pegar”. Marcílio ainda ressalta que as próprias pessoas não fumantes vão ajudar e contribuir com a fiscalização. “Eles serão os novos fiscais do Sarney”, completa.

Carlos comenta que sabe dos riscos de ser um fumante e que isso é um problema dele, mas não acha que outras pessoas devem sofrer com os malefícios do fumo por causa de algumas pessoas. “Por isso torço pela funcionalidade da nova lei”, diz o empresário. “Quem é responsável não vai burlar a lei”, conversa Marcílio.

Um comentário:

  1. Meninos,
    bom texto, boas fontes. Faltaram alguns recursos multimídia, não? Eles enriqueceriam a matéria de vocês, que já está muito boa.
    abs,
    Daniela

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